O ano novo chega e, junto com ele, vêm os gastos do começo do ano.
Apesar da ajuda do 13º do mês passado, é necessário um planejamento para
fazer render o dinheiro destinado aos gastos extras, que começaram já
no final do ano, com presentes de Natal e férias, e se estendem até os
primeiros meses do ano, com matrícula e material escolar, IPVA, IPTU,
seguro do carro, etc.
Se os gastos acabaram sendo maiores do que o salário, e você já
começou o ano no aperto, talvez seja hora de considerar criar um fundo
de emergência. A reserva é destinada a cobrir eventualidades, como
desemprego e problemas de saúde na família, e também pode servir de
reforço para os períodos do ano em que os gastos são maiores.
Para montar a reserva, é recomendado economizar cerca de 10% da renda
líquida, mensalmente, até arrecadar uma quantia que represente de três a
seis meses das despesas fixas. O ideal é separar este dinheiro assim
que receber o salário, garantindo maior controle.
Estas regras, no entanto, são maleáveis. “A gente passa uma
recomendação do que é ideal, como em uma dieta: você tem uma linha pra
seguir, mas tem momentos em que abusa. Você pode sair um pouco da linha,
desde que retome depois. Tem que adaptar a regra à sua realidade”,
esclarece Waldeli Azevedo, consultora financeira do programa de educação
financeira da Visa, Finanças Práticas.
Veja as ações recomendadas pela especialista para criar um fundo de emergência e ficar tranquila o ano todo.
1. Montar um orçamento
A primeira coisa a fazer é montar uma planilha detalhada com os gastos
mensais e, com base nela, estimar quanto sobra no final do mês. “Esta
época do ano é a melhor para fazer um orçamento e ver se você está no
caminho certo. Se começar agora, vai perceber ao longo do ano os
períodos em que gasta mais ou menos e vai conseguir se organizar melhor.
Não é só corte, tem que se organizar”, explica a consultora.
Como fazer isso? “Listando todos os seus gastos, tanto as despesas fixas
quanto as variáveis. O legal no começo é fazer um monitoramento de tudo
que você gasta, anotando em um diário, pois assim consegue identificar
as despesas invisíveis.” Segundo a especialista, estes são os gastos do
dia-a-dia que fazemos sem perceber, e, por isso, nem sempre nos
lembramos de incluí-los no orçamento. “Um bom exemplo é o cafezinho: são
R$ 3 por dia que, no final do mês, acaba gerando um gasto relevante”,
completa.
2. Aumentar a renda
Buscar novas formas de ganhar dinheiro extra ajuda a acelerar a formação
da reserva financeira. “A dica aqui é simplificar. Tem pessoas que
querem ter ideias mirabolantes de negócios. Procure coisas que você
saiba fazer, olhe ao seu redor, no seu bairro, no seu trabalho. Você
pode lecionar um idioma, dar aulas de um instrumento musical, passear
com cachorros no seu bairro, vender doce, levar um lanche ou congelado
para vender no trabalho para as pessoas que não têm tempo para almoçar,
etc.”, recomenda Waldeli.
3. Reduzir os custos
Esta ação pode ajudar principalmente quando não é possível encontrar
novas formas de ganhar dinheiro. “Encontre as gorduras do seu orçamento,
ou seja, tudo que você pode cortar”, recomenda a especialista. Gastos
essenciais incluem aluguel, condomínio, contas de água e luz, gastos com
saúde, alimentação, educação e transporte. “Levar uma lista ao
supermercado é uma boa ideia para evitar comprar coisas supérfluas. Além
de prática, ela economiza bastante. Evite também levar crianças ao
supermercado, pois elas sempre pedem uma bolachinha a mais, e procure
não fazer compras com fome”, orienta. “Para quem tem criança, procure
fazer um lanche em casa antes de ir ao cinema, ao invés de comer no fast
food, e, no lugar da pipoca, leve uma bala ou um chocolate.”
4. Poupar
Depositar o dinheiro extra em uma caderneta de poupança ou em algum
outro tipo de investimento de baixo risco evita que você caia em
tentação. “Não deixe o dinheiro à vista, pois, se estiver na sua conta,
você com certeza vai gastar. Coloque em uma conta na qual não mexa
muito, ou na poupança”, orienta. A consultora também esclarece que não é
necessário poupar todo mês. “Se este mês você ficou apertada, pode
deixar para guardar no próximo mês sem problema. Fazer um fundo de
emergência não deve ser um sofrimento. Terminar o mês deixando um
pouquinho na conta já e ótimo”, explica.
5. Investir
Este item merece um pouco mais de cuidado, já que o investimento pode
apresentar riscos. “Nesta situação, investimentos devem ser feitos para
você dormir tranquila. Se você for investir em algo e perder o sono
pensando se vai acabar perdendo tudo, não funciona”, alerta. No caso do
fundo de emergência, os tipos de investimento mais indicados são os de
renda fixa, cuja rentabilidade é determinada, como a poupança e o CDB.
“Estes investimentos têm pouco risco e alta liquidez, ou seja, são
fáceis de resgatar. Se você precisar do dinheiro amanhã, ele estará lá”,
explica.
Quando o fundo de reserva atingir a quantia ideal, a recomendação da
especialista para garantir uma renda extra é manter o dinheiro no
investimento de renda fixa e começar uma nova reserva destinada a outros
tipos de investimento.
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